MPEM é uma ferramenta apenas teórica?

MPEM – Esta é uma ferramenta apenas teórica?
A MPEM pode ser aplicada de forma prática?

Tenho atuado há anos no mercado com o foco principal em Supply Chain e aplico a metodologia da MPEM em todas as empresas que atuo. Nesta andanças, congressos, workshops e conversas com colegas do setor, existe uma preocupação clara e que também já me afligiu, ou seja, a MPEM é apenas um modelo teórico?

Como fazer para transpor esta barreira teórica e partir para a prática alcançando e mostrando os resultados?

Primeiramente, faz-se necessário falar brevemente o que é essa tal MPEM – Matriz de Posicionamento Estratégico de Materiais e aprofundar comparando com a famosa curva ABC.

A MPEM trata-se de uma ferramenta criada na década de 80 pelo estudioso Kraljic, que pode ser aplicada em vários segmentos industriais e que utilizam muitos insumos comprados onde o valor de compras tem um impacto considerável na organização. Em alguns casos o percentual de materiais comprados nas empresas pode superar 50% do total do custo e em algumas montadoras de veículos pode chegar ou ultrapassar os 80%.
Dito isto, entrando diretamente no conceito da matriz MPEM, temos 2 eixos base, onde X representa o impacto na escala do risco de suprimentos que a companhia está exposta. Quanto mais para a direita estiver o insumo, maior é a exposição ao risco de suprimento. Já no eixo Y, o driver foca na influência nos resultados financeiros e custos, impactando diretamente na lucratividade da empresa, ou seja, quanto mais acima estiver localizado um material, maior será a influência sobre a lucratividade e resultado da organização.
A diferença crucial entre a Curva ABC e a MPEM é que a ABC não leva em consideração os riscos de suprimentos, apoiando-se somente em valores gastos, ou valores projetados.




Agora que descrevi brevemente o conceito da MPEM, fica a pergunta:

Como passar da teoria para a prática com a MPEM?

Primeiramente, na construção da MPEM o ideal é envolvermos toda a equipe do Supply Chain, quando digo Supply Chain, fica explicido que estou falando de Logística, Compras, Comex, Almoxarifados, PCP, PCM, Produção, Engenharia, entre outros que você lembra e gostaria de envolver, pois o segredo na aplicação desta ferramenta é não ficar somente na mão da área de Compras, por exemplo. Neste momento de construção da MPEM, com uma equipe multidisciplinar trabalhando já temos um resultado prático, porque são várias dimensões da gestão da organização envolvida neste desafio e aprendendo juntos. Abaixo cito 3 exemplos de aplicação prática e com resultados importantes, sendo:

A)     Além da construção da MPEM em equipe, a mesma pode ser utilizada para desenvolver a política de materiais com uma lógica, onde o material estratégico dever ser programado, estocado e comprado de forma diferente dos materiais não críticos, dos componentes de risco e dos competitivos, devido ao seu alto valor monetário e seu importante impacto no risco de suprimento.
B)      Outra oportunidade com o uso da MPEM é termos uma política diferenciada de compra de acordo com o quadrante que cada material está alocado e pode-se aproveitar para estabelecer o perfil de cada profissional que atuará de acordo com os quadrantes dos materiais.
C)      Com a MPEM em mãos pode-se definir um plano de ações para cada commodity adequado a localização do material dentro da matriz, por exemplo: nos materiais estratégicos colocarmos mais fornecedores concorrentes entre si e já no quadrante dos materiais não críticos, pode-se consolidar em poucos fornecedores.

Concluindo, a ferramenta quando construída está em nível teórico e é uma fotografia do momento e onde cada material usado na organização se encontra quanto a gestão do mesmo, a partir daí fica por você fazer políticas de materiais, políticas de programação de suprimentos e de negociação para cada insumo de acordo com o quadrante que o mesmo está.
Vamos lá, mãos a obra e boa sorte!








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